Temos um acesso à pornografia hoje, por intermédio da internet, que nunca foi visto antes. Eu sempre costumo abordar, o quão positivo pode ser incluir conteúdos eróticos na relação. Mas é preciso acender um alerta em determinadas situações.
O consumo exagerado de pornografia é considerado um vício comportamental, e é marcado pela busca constante e irresistível de consumir cada vez mais, a ponto de causar danos psicológicos, físicos e sociais. Como em qualquer tipo de vício, quanto mais o consumo do agente viciante é repetido, mais estímulo a pessoa precisa para que o prazer se mantenha. Isso pode acarretar uma busca por um aumento da frequência de consumo, variação de estímulos para que isso traga a mesma sensação oferecida em momento anterior.
Como qualquer outra compulsão, o vício em pornografia traz consequências, que podem variar em cada pessoa, como:
-Perda de memória
-Depressão
-Ansiedade
-Isolamento social
-Inquietação
-Dificuldade de concentração
-Insônia
-Disfunções sexuais
A pessoa com esse tipo de compulsão, tende a se afastar da parceria e a perder o interesse sexual nela. E muitas vezes ela pode desenvolver uma ansiedade social grave, e acabar se isolando do seu grupo de convívio próximo. O principal desafio de quem sofre com esse problema é justamente identificar o vício. E muitas pessoas, muitas vezes não procuram tratamento por vergonha, culpa ou até mesmo conflito moral.
Alguns sintomas do vício em pornografia e sexo são:
-Pouca satisfação e maior frequência de masturbação
-Dificuldade de ereção com pessoas reais
-Ansiedade social que com o tempo pode se agravar
-Objetificação do sexo oposto
-Dificuldade de concentração
-Ejaculação retardada ou precoce
-Desinteresse sexual pela parceria
-Perda de atratividade sexual
Apesar de ser uma compulsão que atinge tanto homens quanto mulheres, é mais “socialmente aceito” um homem ter esse vício do que uma mulher. Tanto a cultura quanto a indústria pornográfica incentivam o consumo mais pelo público masculino, quanto a mulher, esse consumo ainda é mais julgado pela sociedade.
Esse vício assim como outros, possui tratamento, e ele não será fácil, e precisará de fases inclusive de abstinência, para descansar o cérebro do estímulo excessivo, além é claro da ajuda psicológica e de ressignificação do prazer. A melhor forma de eliminar esse problema é buscar a ajuda de psiquiatras, psicólogos, sexólogos e grupos de apoio.
Thaís França de Araújo
Ginecologista e Sexóloga
CRM: 55890/RQE:36540/RQE:52052